Bang Bang!


É verdade que estive ausente, mas nesse meu tempo de distanciamento do mundo dos blogs e da luta contra aqueles que vão roendo o que sobra do nosso país, estive sempre bem atento ao que acontecia neste Moçambique cada vez mais delapidado por individuos que dizem trabalhar para o desenvolvimento do país. Trabalhar=gastar o dinheiro do povo em carros luxuosos e mansões inclinadas para o mar?!?

Neste meu “regresso” à MaputoWood - Capital dos filmes em que são precisos cenários deteriorados, ela pareceu-me mais deteriorada e esquisita.

É o mercado informal que cresce tão bem e saudavelmente como se de ervas daninhas se tratasse, invadindo mais esquinas, casas e até centros educativos. Tudo isto apesar das operações que a Policia Municipal tem desencadeado para dispersar os revendedores de esquina.Os informais ocupam por completo os passeios da nossa cidade (é chato ter que andar a controlar o pé para não chutar um tomate), mas essa ocupação tem razão de ser: grande parte da população de Maputo não tem poder de compra para entrar nos supermercados existentes e comprar uma caixinha de fósforos sequer. Os que ali vendem, buscam somente a garantia de que hoje terão pão para jantar. O distanciamento pobre/rico tende a aumentar. Resultado: correr para a esquina!!

Nem todos conseguiram ainda enriquecer a vender patos/galinhas, muitos ainda têm vergonha na cara e labutam incansavelmente para obterem o sustento das suas familias. Podem até morrer pobres, mas o farão com honra e dignidade, sem nunca terem visto o seu nome estampado no jornal ligado à dividas e escândalos financeiros.

A Cidade de Maputo parece-me mais virada para o Oceano, talvez aceitando o que já parece inevitável, e dando desde já as boas-vindas as águas (sujas por sinal) que invadem calmamente, porém ferozmente, a nossa Marginal. Na verdade não podia ser diferente, porque a única “oposição” que estas águas encontram são umas “barrinhas” de (des)protecção e placas sinalizadoras de que o perigo anda por ali. Até os becos lá da Baixa da Cidade conseguem ser maiores e melhores que a estrada da nossa Marginal.

Muito engraçado!!!

Já agora, uma sugestão para todos os que têm amigos a residirem por aquelas bandas da praia: comprem barcos de borracha, à vela ou mesmo uma mota de água, em breve penso que será muito útil.

“ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA”. Pelos vistos ainda não bateu o suficiente nas cabeças duras e burras dos nossos governantes que continuam “naúfragos” de soluções/resoluções para aquele problema.

CERVEJAS DE MOÇAMBIQUE ABREM NOVOS POSTOS DE VENDA

O Maputense tem bebido tanto que as CDM viram-se obrigadas a criar novos postos de (re)venda, tudo isto para não deixar os seus bons clientes com a garganta ressequida.

Falo das Bombas de combustivel , autênticos bares 24/7 prontos a servir aos milhões de miúdos e graúdos sedentos dos derivados da cevada (e do malte). Só assim talvez podemos explicar as 5/6 bombas de combustivel instaladas ao longo da Marginal e outras tantas na 25 de Setembro, e com um distanciamento de 10 metros. As bombas vendem mais álcool do que combustivel, aliás, o álcool virou combustivel sem o qual muitos individuos não conseguem “funcionar normalmente” nos seus afazeres diários. Nas CDM bate o coração de Maputo, é só cortar a produção de cerveja por alguns dias que o HCM registará a maior afluência de sempre na sua história.

2M/Laurentina, em parceria com a Palmar, aliás, Pall Mall, uma “discoteca ambulante” a tocar a última do Mestre Cómico Roger com umas tantas pessoas de ambos sexos à sua volta, e está instalado o cenário.

Muitos dos presentes há muito que trocaram o leite matinal pela cerveja, o aconchego do lar pelo cheiro de diesel, gasolina e tabaco, o carinho da mulher e dos filhos pelos seios de melancia daquela menina que “dzukuta” bem.

Talvez os maputenses queiram fazer valer aquela velha máxima brasileira: “homem que bebe, fuma e ****, com ele ninguém pode”.

Depois assistimos a cenas daquelas que outro dia a Stv tratou de nos oferecer como aperitivo para o almoço. Por onde andam a moral e os bons costumes?!?

Mas qual será o motivo de tamanha injecção de álcool no organismo?Prazer?Mostrar que está bem na vida e com a vida?Esquecer que o preço da gasolina e do pão subiram, e o salário nem sequer abanou?

Se for este último caso então o melhor é abandonar o álcool, caso contrário brevemente já nem se lembrarão dos motivos que os levaram a beber.

Beber ou não beber, eis a questão.

BANG BANG

Clint Eastwood deve estar de malas prontas e ansioso para cair em território moçambicano, mais concretamente na cidade Capital – Maputo.

É que o cenário não podia ser mais convidativo para este senhor do cinema americano terminar a carreira em grande. Filmar um cenário do Velho Oeste em África, numa “cidade de pedra”, onde temos cowboys, xerifes e bandoleiros.

O titulo do filme seria “The Bad, The Bad, and The Bad”.

Maputo está assim, controlada pelos amigos do alheio (que são amigos dos policias), que fazem e desfazem nas barbas de uma policia sem soluções para dar conta do recado. Carros assaltados, casas assaltadas, dependências de bancos assaltados, lojas de esquina assaltadas....POLICIA ASSALTADA!!

Quando ladrões assaltam a “casa” dos que têm a função de proteger o povo só podemos começar a rezar todas a orações que conhecemos e que não conhecemos, pedindo ao tal de Todo Poderoso para que nos salve. Se não sabes rezar então constrói um bunker, mas cuidado, estes ladrões parecem ter mecanismos e , sobretudo, disposição para entrarem até nos nossos esgotos sujos.

O povo anda com medo, aliás, já nem andam, porque temos “recolher obrigatório” por volta das 18 horas. Agora temos nas ruas um cenário que até assusta: policia militar, policia de trânsito e policia da República (cinzentinhos) em patrulhas e revistas a tudo que lhes é suspeito. O mais engraçado é que que mesmo com tanto aparato policial, os amigos do alheio não deixam de exercer (e bem, há que reconhecer) a sua função.

Cá para mim, ou temos “policias ladrões” ou policias e ladrões fizeram uma parceria e andam juntos nesse negócio super lucrativo que é o crime. Impossivel imaginar que com tantos policias e tropas a patrulharem as ruas, temos assaltos TODOS OS DIAS. Como explicar isso? Ou há parcerias, ou os ladrões são os policias, porque de incapacidade de meios não se podem queixar. Têm as motinhas que os “Pirilampos” usam para sonharem que são Valentino Rossi, têm os L200 que os nossos cinzentinhos usam para chatear as prostitutas pela madrugada, e têm também os carros da segurança do Foguinho que só sabem desestabilizar o trânsito quando ele vai para a Luxus.

Uma outra sugestão seria criar um novo departamento dentro da policia: policias para policias, porque se foram assaltados é porque precisam de alguém que os proteja.

Este foi um pequeno retrato áspero da nossa linda cidade que dia após dia a está a virar um Faroeste, autêntico labirinto até para quem nela nasceu e cresceu, onde a desigualdade social impera e os criminosos vão ceifando vidas sem piedade. Quem devia dar protecção limita-se a assistir o sofrimento do povo, a decorar as avenidas e praças da cidade de verde e vermelho, a ferir a sensibilidade dos nossos tímpanos com discursos que nos fazem abanar a cabeça e rir de tão vazios e previsiveis que são.

Mas como a esperança é a última a morrer, acredito que os maputenses amanhã irão passear sem horário para regressar à casa, e descer até as bombas Tsangano para beber a Laurentina que tanto amam.

“Maputo, Dzi Xonguile Demais”. In, Hortêncio Langa

Pensem Nisso

Tsapau

7 comments:

    Bem vindo caro Tsapau (apesar de n
    ão saber por que bandas andaste).
    Bem, este post tem muito que se discutir, me espanta ser o 1º a comentar (RAS, por onde andas??)
    A situação da criminalidade está de mal a pior. Estes "cabritos" só vão perceber a gravidade quando a filha de um deles for assaltada, violada ou algo pior, apesar de não desejar nada disso ao filhos (mas aos pais sim...).
    Lembrambram-se como foi com a BAC?? Foi preciso que a filha do foguinho fosse assantada para que ele tomasse alguma medida!
    Ainda a pouco tempo ele fez uma visita de trabalho ai ministério do Interior e foi manchete no Notícias (é claro) que era urgente o apetrechamento da polícia, para fazer frente a esta "onda criminosa". Mas até agora nada!!!
    São bancos assaltados, onde os ladrões até bloqueiam estradas, mulheres violadas e depois mortas, os próprios polícias assltados na própria esquadra (esta foi demais).
    Ai eu penso...Tobias Dai, porquê ainda não foste demitido???

    LV

     

    Bem-vindo, tema pertinente xte.

    Temos policias-ladroes, policias e ladroes.

    Ate ja nem consigo mais usar o slogan mcel: orgulhosamente mocambicana.


    Prometo voltar mais tarde com uma opiniao mais aprofundanda.

    Amigos nao se facam de rogados. O debate esta aberto.

     

    Cara Denise, eu acho que já tenho as minhas dúvidas desfeitas: temos POLICIAS LADRÕES.
    Ontem um amigo meu foi assaltado á mão armada (para variar), tiraram-lhe o carro e tudo o que ele trazia consigo, ou seja, ele ficou só de cuecas...foi depenado!! Ele e mais alguns correram para a policia que disse que nada podia fazer porque estava sem pessoal e sem comunicador (ou sei lá como chamam aqueles dispositivos).
    Levou-se o caso a PIC e aprecia só a resposta de um dos agentes: "50 milhoes e terão o carro de volta".
    Possivel uma coisa dessas? pagar a quem tem a obrigação de nos proteger para que localize o carro??
    Logo, concluimos que a policia conhece os ladroes, que a policia pactua com eles a roubar, arrefecer os carros e até a vendê-los de novo para o respectivo dono. E o meu amigo continua sem o carro, porque ainda nao conseguiu reunir os meticais que os "detectives particulares da POLICIA DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE" exigem para a devolução da viatura.
    Assim só nos resta comprar uma arma para nossa auto-defesa, porque com esta policia está mais que visto que nao podemos contar.

     

    FODASSSSS!!!!
    Esse tipo de MERDAS estão cada vez mais frequente! Já ouvi 2 casos de conhecidos que foras assaltados pelos polícias das motinhas...isso mesmo!E ainda por cima usaram o cell do assaltado para contactar os compradores e efectuaram a venda antes mesmo de lardar o pobre algures na cidade da matola!
    Pode uma coisa dessas??
    Hoje em dia até já evito sair de casa depois das 20 porque não sei se me vou encontrar com assaltantes ou com POLÍCIAS assaltantes!

    E demais isto...
    LV

     

    A febre da desprotecção

    06/07/2007

    Olívia Massango

    O País

    Moçambique está infestado por uma praga de febre criminal que se veio sorrateiramente instalar na nossa sociedade e, como foi bem recebida, hoje até faz estilos na forma de se manifestar. Escolhe indiscriminadamente a hora de actuar, bem como de agravar ou abrandar os seus actos, num claro gesto de comando sobre as regras de jogo, ante o olhar presente do seu antibiótico, isto é, de quem o pode travar, aniquilar e colar um ponto final ao vírus.
    Trata-se de uma onda de crimes que de há alguns meses vem somando luto, sofrimento e insegurança no país, mais particularmente nas cidade e província de Maputo.
    Os bandidos sofisticaram as formas de actuação, deixando a PRM para trás. Actuam com ousadia, coragem e, para o espanto de todos, agem com muita segurança. Em menos de uma semana testemunhámos a morte de um polícia de trânsito, o baleamento de um agente da PRM em plena esquadra, assalto a uma instituição bancária, entre outros.
    A sua impetuosidade e tranquilidade foi evidente no caso do assalto à 2ª Esquadra da PRM na cidade da Matola. Os criminosos consideraram de abusiva a atitude da polícia de apreender uma viatura que lhes pertencia e, incomodados com a acção, sem escrúpulos, provaram que “o que é deles é deles” e ninguém mais coloca a mão. Dado o relaxamento da polícia, o acto não precisou de muito esforço intelectual dos bandidos, que na posse da chave apenas se dirigiram ao parque e recuperaram a viatura. Entretanto, para o azar do agente que teve um surto de responsabilidade no momento da recuperação da viatura, terminou com o um tiro a atravessar-lhe o corpo.
    Últimos acontecimentos revelam que esta febre criminal se está escandalosamente a espalhar no seio da polícia. Antes, o vírus manifestava-se com ligeiro secretismo, mas hoje oficializou-se e ganhou o estatuto de processo normal de trabalho, daí que nenhum agente se sinta contaminado e, portanto, nada fazem para se libertarem da doença.
    Como consequência, a polícia vê crime em tudo quanto é lado: encontrar um cidadão sem o Bilhete de Identificação é crime; solicitar a identificação do agente da polícia é crime; circular na via pública de noite com o parceiro ou sozinho é crime; interrogar a polícia sobre os seus procedimentos é crime; tudo o que não é crime virou crime, em detrimento do crime de facto.
    Por essa razão, os cidadãos sentem-se mais protegidos ao circularem numa via onde não vejam nenhum indivíduo com uniforme das forças policiais nacionais, uma vez que transmitem a incerteza de segurança, ou melhor, a certeza da desprotecção.
    Que solução agora? Acredito não se tratar de um vírus semelhante ao da Sida, que se diz não ter cura, mas talvez ao de uma doença e cuja forma de combate é procurando saber a causa, como evitar e o remédio ideal.
    É preciso restaurar a confiança do povo no Estado, para que todos os projectos de desenvolvimento se tornem realidade. Esta febre tem cura, apenas precisa que haja vontade de a banir ou, pelo menos, de minimizar os seus efeitos.

     

    Eu acredito que a criminalidade não se pode "eliminar" porque a nossa sociedade tem um coeficiente de injustiça social muito grande criando portanto a "criminalidade".

    Acredito também que pode-se minimizar o crime, e se isso não for feito, a sociedade arrisca-se a tomar medidas pelas proprias mãos!

    Esperemos que não...

     

    A sociedade, cada vez com maior frequência tende a usar as prórpias mãos caro Ma_fur_ra, porque vê que quem devia estar a defende-la não o faz.
    Aquele gatuno que hoje assaltou e foi entregue à polícia, amanhã estará livre a fazer o mesmo, se no pior!
    O fenómeno dos linchamentos (que o Dr Carlos Serra está a estudar), é um mal que é visto como positivo por alguns, que optam por aliminar o problema definitivamente.
    A diminuição da criminalidade deve ser prioridade do governo, e n
    os devemos aperta-los.
    Pensemos em grupo o que pode ser feito. Como da vez da Mcel, acho que ideias positivas não faltarão!
    Concordam comigo??

    LV